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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Consultor Marcelo Gil e Família desejam à todos um Feliz Natal e Próspero Ano em 2019


Cartão de Natal


Estimadas Amigas e Amigos,

Desejo-lhes de coração, um Feliz Natal e um Feliz 2019 repleto de muitas Alegrias, Amor, Luz e Paz.
Que possamos sempre nos recordar do verdadeiro e único significado desta data, do nascimento de JESUS, um homem que com seu sacrifício dividiu a história do mundo em antes (a.c) e depois (d.c), do seu nascimento.
Independente da nossa crença ser tão pessoal e merecedora de todo respeito, temos de concordar que vivemos no ano de 2018 da era cristã.
Que a história de Jesus, possa ser lembrada sempre como motivação para sermos melhores para nós mesmos e para todos aqueles que nos rodeiam, ainda que possamos preferir silenciar em muitas ocasiões em benefício do bem comum.
Que a Santa Trindade em sua infinita bondade e poder, nos abençoe em 2019, com a realização de todos os nossos bons sonhos e ideais, com grandes vitórias, prosperidade e saúde, é o que lhes desejamos de coração.
Forte abraço de quem lhes estima com carinho, respeito e admiração.




MARCELO GIL e Família
Consultor e Gestor Ambiental
Membro da da Academia Transdisciplinaria Internacional del Ambiente (ATINA)

(Voltaremos em 1º de fevereiro de 2019)


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Grupo de pesquisadores desenvolvem técnica que permite o ganho de escala na produção de materiais com grafeno


Imagem ilustrativa: Discrição do Grafeno

Tópico 01483

Um grupo de pesquisadores brasileiros desenvolveu estratégias que permitem produzir nanocompósitos de plástico e grafeno em escala industrial. O isolamento do cristal de grafeno é um dos maiores avanços na ciência e tecnologia desde que foi realizado pela primeira vez em 2004, o que rendeu o prêmio Nobel de Física aos seus criadores em 2010. No entanto, a criação de nanocompósitos do material com o plástico ainda ocorre basicamente em escala laboratorial.

Em pequena escala, usam-se solventes e outras técnicas que funcionam bem nos experimentos. No entanto, quando se usa o maquinário existente na indústria transformadora de plástico, o grafeno se reaglomera e perde suas propriedades”, disse o coordenador do estudo, Guilhermino José Macêdo Fechine, pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias (MackGraphe) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, centro que tem apoio da FAPESP.

Um artigo, publicado na eXPRESS Polymer Letters, foi apresentado no 23º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais (CBECiMat), ocorrido entre os dias 4 e 8 de novembro em Foz do Iguaçu (PR).

Os resultados são novas técnicas para diminuir consideravelmente a aglomeração do grafeno quando inserido nos plásticos usando equipamentos de escala próxima da industrial. As aplicações para os nanocompósitos de plástico com grafeno vão desde equipamentos esportivos com melhor resistência a abrasão, filamentos para impressão 3D ou suportes (scaffolds) para cultura de células.

O leque de aplicação é grande. O gargalo fica no processo de fabricação, quando nem tudo o que se faz em laboratório é compatível com a indústria transformadora de plástico”, disse Fechine.

Outro trabalho apresentado no congresso mostra os mecanismos de corrosão das chamadas ligas de alumínio de elevada resistência mecânica quando soldadas por fricção e mistura (FSW, na sigla em inglês).

Na soldagem tradicional, geralmente é introduzido um material diferente, que fica em contato com as partes que estão sendo unidas e que cria uma diferença de comportamento daquela área em termos de corrosão”, disse Hercílio Gomes de Melo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) e coordenador do estudo.

Já na FSW, não se acrescenta mais um metal. O alumínio é aquecido próximo à sua temperatura de fusão pela fricção de uma ferramenta com geometria especial que gira e se desloca na região a ser soldada, impondo também uma intensa deformação mecânica, plasticizando-o. O metal amolecido gira em torno do pino da ferramenta e ao esfriar se solidifica, consolidando a junção. Isso faz com que se criem diferenças na microestrutura da área de junção, afetando a suscetibilidade à corrosão na região”, disse.

O estudo é parte de Projeto Temático apoiado pela FAPESP, coordenado por Isolda Costa, professora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

Os resultados obtidos até agora mostram que a área da solda pode ser mais ou menos suscetível à corrosão dependendo do tipo de liga de alumínio que se usa. Em alguns casos, pode-se unir diferentes ligas com bons resultados. “Normalmente a área da junção é mais frágil, mas algumas ligas, ao se combinarem nessa parte, ficam até mais resistentes do que os materiais originais. Cada liga é um universo”, disse Melo.

A solda por fricção e mistura é usada em jatos de pequeno porte e pela agência espacial americana, a Nasa, em tanques de combustível de foguetes. No entanto, há muitos aspectos da corrosão que ainda precisam ser estudados e esclarecidos.


Sensor de gases tóxicos

Um outro campo de estudos contemplado durante o evento foram os materiais para utilização como sensores. Um dos trabalhos foi apresentado por Valmor Roberto Mastelaro, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.

Mastelaro coordena um dos poucos grupos no Brasil que trabalham no desenvolvimento de sensores de gases tóxicos e é membro do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.

Há poucas empresas no mundo que fabricam esses sensores. Existe uma demanda para algumas indústrias que realizam processos químicos e físicos que podem gerar gases tóxicos. Além disso, há uma preocupação cada vez maior com gases do efeito estufa e outros que podem prejudicar a população das cidades”, disse Mastelaro. A pesquisa teve apoio da FAPESP.

Os óxidos metálicos nanoestruturados são atualmente os materiais que apresentam as melhores características para serem aplicados como sensores de gás portáteis e de baixo consumo energético. Os sensores atuais precisam ser aquecidos a altas temperaturas para fazerem uma detecção confiável. Isso aumenta consideravelmente o custo com energia.

Além de sensores que não precisem de temperaturas tão altas, um dos fatores importantes é a seletividade. Existem muitos gases no ar que respiramos e é preciso que os sensores diferenciem com precisão o que interessa”, disse Mastelaro.


CBECiMat

Esta edição do evento, realizado a cada dois anos desde 1974, foi organizada por pesquisadores do Centro de Ciência e Tecnologia de Materiais (CCMAT) do Ipen.

Nos últimos anos, o CBECiMat cresceu tanto que precisou ser dividido em cinco grandes áreas”, disse Lalgudi Ramanathan, pesquisador do CCMAT e organizador do evento.

Os coordenadores das áreas foram os professores do CCMAT Jesualdo Luiz Rossi (materiais metálicos), Eliana Navarro dos Santos Muccillo (materiais cerâmicos), Gerson Marinucci (materiais compósitos), Leonardo Gondim de Andrade e Silva (materiais poliméricos) e Nelson Batista de Lima (ensino de materiais).

Outras áreas de destaque foram as de nanomateriais e os biomateriais, usados por exemplo para levar medicamentos de forma mais eficiente ao organismo. “Muitos pesquisadores do Ipen, inclusive, têm trabalhado bastante nessa área de suportes (scaffold) para transporte de medicamentos”, disse Ramanathan.

Durante os três dias e meio de evento, foram realizadas seis sessões diárias em paralelo, além da apresentação de 300 pôsteres no total. O congresso teve apoio ainda do CNPq, Capes e da FAPESP, que deu suporte para a participação de 157 doutores.

Quase metade dos participantes era de alunos, que sempre foram o foco do evento. Apesar de a maioria ser das regiões Sul e Sudeste, houve representantes de todos os estados do Brasil”, disse Muccillo.


Veja também;






Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Tópico elaborado e publicado pelo Gestor Ambiental MARCELO GIL.


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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O ecossistema de inovação na cidade de São Paulo cresce rapidamente


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01482

O ecossistema de inovação na cidade de São Paulo cresce rapidamente, nucleado por hubs de empreendedorismo tecnológico, universidades e por corporações que enxergam na parceria com startups oportunidades de negócios.

Essa expansão está constituindo uma paisagem urbana particular, em que prevalecem a mobilidade compartilhada e o uso de aplicativos para solicitação e pagamento de serviços, entre outras inovações baseadas em tecnologias digitais.

Parte dessa nova geografia paulistana foi percorrida por 54 empresários, pesquisadores e investidores de todo o país, a convite da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), entidade vinculada à Confederação Nacional da Indústria (CNI), no âmbito do Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovações. A iniciativa teve o apoio da FAPESP.

É a 14ª edição do programa e a terceira realizada no Brasil. O objetivo é contribuir para fomentar política de investimentos mais eficazes, incentivar a inovação e aprimorar o sistema de financiamento”, disse Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI e superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Ao longo de três dias, o grupo visitou dezenas de empresas, incubadoras, aceleradoras, hubs de empreendedorismo, entre outros, em um percurso entremeado por seminários sobre temas estratégicos para a consolidação do ecossistema.

O ponto de partida foi um encontro na sede da FAPESP, onde participantes foram apresentados às soluções do Sebrae-SP para startups e ao Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que apoia, com recursos não reembolsáveis, iniciativas de pesquisas inovadoras de pequenas e médias empresas.

A FAPESP recebe em torno de mil solicitações por ano e seleciona cerca de 250. Impressiona o número crescente de empresas com projetos nas áreas de manufatura avançada e tecnologias digitais”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da Fundação.

A FAPESP também sediou o primeiro seminário, com o tema “Hubs de Startups”, do qual participaram a 100 Open Startups, Endeavor, Anjos do Brasil e Baita Aceleradora.

Operando com o conceito de open innovation (inovação aberta), a 100 Open Startups articula grandes corporações e startups por meio de metodologia que envolve desafios tecnológicos e ranking das melhores empresas com soluções para 20 áreas temáticas. “Em três anos, 439 startups fecharam acordo com mais de 300 empresas”, disse Bruno Rondani, CEO da 100 Open Startups.

A Endeavor tem foco em iniciativas que promovam o crescimento de startups. “Empreendedores de alto impacto são os grandes protagonistas”, disse Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor, citando o exemplo da Ebanx – startup de processamento de pagamentos com clientes como Alibaba e Airbnb –, que cresceu mais de 700% nos últimos três anos.

O roteiro no ecossistema paulistano de inovação incluiu o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), gestor da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec, no campus do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária.

Criado há 20 anos, o Cietec tem 112 empresas incubadas, 85 delas residentes, entre as quais Reciclapac e Alchemy, ambas apoiadas pelo PIPE-FAPESP, e a 3D Criar.

As incubadas faturaram mais de R$ 35 milhões por ano e geraram 557 empregos em 2017”, disse Claudio Rodrigues, diretor-presidente do Cietec. O Centro prepara o início das operações do Cietec II, em área de 20 mil metros quadrados também cedida pelo Ipen. “A meta é chegar a 200 empresas”, disse.


Investimento de risco

A visita ao Cubo, hub de empreendedorismo do Itaú Unibanco em parceria com a Redpoint eventures, foi uma das mais longas. Instalada em um prédio de 12 andares na Vila Olímpia, em São Paulo, a iniciativa conecta 80 startups a 20 empresas mantenedoras, entre elas Accenture, Dasa, TIM, brMalls, Kroton, e investidores.

As empresas selecionadas têm que apresentar soluções reais para o mundo real com produtos escaláveis”, disse Flavio Pripas, ex-diretor do Cubo e atual corporate venture officer da Redpoint eventures.

Desde a criação do Cubo, em 2015, startups residentes fecharam 728 contratos com grandes empresas, 65 deles com o Itaú Unibanco. Apesar dos bons resultados, a conexão de grandes empresas com startups não é simples, a começar pelo cumprimento de exigências para a contratação desses fornecedores, na maior parte das vezes recém-chegados ao mercado. “É preciso simplificar esse processo”, disse Pripas.

Para empreendedores, tampouco é simples atrair investimentos de venture capital. “Investir em startup se compara a uma curva em formato de J, longa e profunda. É preciso resiliência”, disse Erich Acher, sócio-fundador da Monashees, fundo de venture capital criado em 2006, durante seminário sobre essa modalidade de investimento, realizado no Cubo.

Buscamos empreendedores de alto impacto que, com tecnologia e venture capital, revolucionam o mercado e o país. Já investimos em 81 empresas, inclusive na 99 [a primeira “unicórnio” do Brasil, cujo controle foi adquirido em janeiro de 2018 pela chinesa Didi Chuxing . Foram 12 anos para o primeiro retorno.

Unicórnios são startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

O pragmatismo dos investidores privados fez com que a SP Ventures fosse constituída, em 2007, como seed funding do setor público. “Qualificamo-nos como gestor regional do Fundo Criatec do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, disse Francisco Jardim, CEO da SP Ventures. Nesse primeiro fundo, foram apoiadas oito empresas, metade na área de agronegócios.

Em 2013, a SP Ventures deixou o BNDES, compôs o seu segundo fundo com aporte de recursos da Desenvolve SP, Finep, FAPESP, Sebrae-SP, CAF e Jive Investments e priorizou investimentos nas Agtechs – empresas de tecnologias agropecuárias. Apesar das dificuldades na relação com órgãos reguladores e com as universidades, Jardim afirma que a SP Ventures está conseguindo criar alguns unicórnios, já que a agricultura brasileira dá escala para grandes negócios.

Andrea Calabi, coordenador do projeto de implantação de ambientes de inovação e criatividade no Estado de São Paulo, implementado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com o apoio da FAPESP, ponderou que a articulação entre empreendedores, startups, venture capital e as universidades deveria ser provida pelo setor público, citando o exemplo da FAPESP.

Participaram do seminário sobre Venture Capital também a Dgf-Investimentos e a e-Bricks Ventures.


A caminho do mercado

O roteiro do programa de imersão no ecossistema paulistano de inovação incluiu visitas à Melicidade, sede do Mercado Livre; Eretz bio, incubadora de startups da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; ao Google Campus; ao hub de inovação Wayra, aceleradora de startups criada em 2011 pela Telefônica; à Estação Hack Facebook; e ao InovaBra Habitat, ambiente de coinovação do Bradesco.

O roteiro encerrou no iDexo, instituto sem fins lucrativos mantido pela Totvs, Banco ABC e Salute, para conectar startups, empreendedores e desenvolvedores. “Prestamos serviços para grandes empresas, contratando serviços de startups”, disse Bianca Guimarães, community manager do iDexo. A visita encerrou com um seminário sobre Corporate Ventures.

O programa foi impactante. Não tínhamos noção do dinamismo e de quão rápido essas empresas estão mudando a cidade de São Paulo”, disse Cândida Oliveira, coordenadora do Programa Imersões em Ecossistemas de Inovações.

Taynara Tenório Cavalcanti Bezerra, engenheira da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no Amazonas, participou do programa que lhe permitiu conhecer o ecossistema paulista e iniciar contatos que permitissem levar a “cultura de inovação” para Manaus.

O ganês Salomon Kweku Sagoe Amoah, pesquisador do Laboratório CertBio, em Campina Grande, na Paraíba – instituição certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e acreditada pelo Inmetro para análise de toxicidade em prótese mamária e em material volátil –, aderiu ao programa com um interesse específico: buscar alternativas para levar ao mercado um biomaterial desenvolvido pelo laboratório e já patenteado.

A visita ao Eretz bio foi muito importante. Não tínhamos noção da dimensão dessa área. Precisamos mapear grupos, empresas e incubadoras que possam nos ajudar nessa empreitada”, disse Amoah.


Veja também;






Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Tópico elaborado e publicado pelo Gestor Ambiental MARCELO GIL.


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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Pesquisa feita no Instituto Butantan verificou que a substância rutina encontrada em frutas atua contra picadas de jararaca


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01481

Uma pesquisa feita no Instituto Butantan verificou que a rutina, molécula comum a diversas plantas e alimentos, protegeu camundongos de problemas de sangramento e de inflamação decorrentes da ação do veneno da jararaca (Bothrops jararaca), que responde por cerca de 70% dos acidentes com serpentes peçonhentas no Estado de São Paulo.

O trabalho foi realizado por Marcelo Larami Santoro, Ana Teresa Azevedo Sachetto e Jaqueline Gomes Rosa no Laboratório de Fisiopatologia do Butantan, em São Paulo, e teve apoio da FAPESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Resultados foram publicados na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.

A rutina é um flavonoide, um tipo de molécula que serve de pigmento a diversos vegetais e frutas conferindo cores vibrantes. É o caso das frutas cítricas, uvas (e vinho), maçã, caqui, figo, morango, amora, cereja e framboesa ou de vegetais como pimentão e pimenta dedo-de-moça. Outros alimentos, como trigo sarraceno e chás preto e verde, também são ricos em rutina.

Nas plantas, esses pigmentos ajudam a atrair insetos polinizadores, filtrar raios ultravioletas do Sol e fixar nitrogênio, entre outros.

Os flavonoides também têm poderes antioxidantes, além de participar nos mecanismos de defesa, ajudando a prevenir ataques de insetos e micróbios. No caso específico da rutina, trata-se de um flavonoide conhecido por seu alto poder antioxidante e anti-inflamatório.

Os soros antiofídicos tratam as principais manifestações dos envenenamentos por picadas de serpentes, mas não existem terapias conhecidas eficazes contra complicações secundárias comuns. Toxinas presentes no veneno da jararaca podem desencadear sangramento, alterar as reações de oxirredução –produção de energia elétrica a partir da ocorrência de oxidação e redução de espécies químicas – nas células e inibir a capacidade do corpo de parar o sangramento.

"Os mecanismos de complicações clínicas em pacientes picados por jararaca ainda não são bem compreendidos e a terapia com antiveneno é limitada em sua capacidade de tratar toda a gama de complicações que podem ocorrer após uma picada de serpente”, disse Santoro.

"No organismo de quem é picado, o veneno de jararaca aumenta a atividade do fator tissular, substância presente nos tecidos e no interior dos monócitos e plaquetas do sangue e que tem um papel fundamental no processo de coagulação", disse.

O fator tissular é ativado mediante a exposição dos tecidos, como em cortes ou machucados. É quando o fator tissular age para propiciar a coagulação do sangue no local do ferimento.

Já nos casos de envenenamento, o fator tissular é ativado mesmo na ausência de qualquer ferida. Quando isso ocorre, no interior dos vasos sanguíneos começa a formação de coágulos, que prejudicam a circulação e acabam por se tornar tromboses, que efetivamente bloqueiam os vasos causando necrose nos tecidos.

Daí que reduzir a atividade do fator tissular, fazendo-o retornar à sua condição original, seria um caminho para uma importante complicação secundária do envenenamento que é a formação de coágulos sanguíneos. “O envenenamento não aumenta necessariamente o fator tissular, ele aumenta a atividade do fator tissular", disse Santoro.


Estresse oxidativo

Uma enzima chamada PDI controla a atividade do fator tissular. Da mesma forma, sabe-se que a rutina tem o poder de inibir a ação da PDI.

"O envenenamento por picadas de jararaca causa problemas de coagulação, que resultam do aumento da atividade do fator tissular. A atividade do fator tissular é controlada pela enzima PDI e sabemos que a rutina tem o poder de inibir a PDI. Pensamos que seria possível usar a rutina para evitar a expressão do fator tissular nos casos de envenenamento, reduzindo assim complicações secundárias como a coagulação sanguínea", disse Santoro.

Para testar a hipótese, os pesquisadores fizeram experimentos com instrumentos em laboratório e em camundongos. No primeiro, ao colocarem veneno de jararaca em presença de uma solução com rutina, foi constatado um efeito benéfico contra o estresse oxidativo, que é uma condição biológica em que ocorre desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a sua remoção do organismo. O estresse oxidativo é outra complicação secundária que ocorre no envenenamento.

No caso do experimento com animais, foram usados 72 camundongos, divididos em três grupos de tempos, cada um com 24 animais. Estes, por sua vez, foram divididos em quatro grupos de seis camundongos cada. O primeiro grupo foi o de controle. No segundo grupo foi injetado somente o veneno de jararaca. No terceiro, foi injetada uma solução salina com rutina. E no quarto grupo foi injetado ao mesmo tempo o veneno e a mesma solução com rutina.

Decorridas 3, 6 e 12 horas após as injeções, foi feita a eutanásia dos animais. Em seguida, os pesquisadores do Butantan analisaram amostras de sangue e tecido dos animais para entender quais efeitos a rutina teve em eventos fisiopatológicos desencadeados pelo veneno.

"No envenenamento, aumenta a atividade do fator tissular. No grupo de animais nos quais foram injetados veneno e rutina, verificamos que a rutina reduziu o distúrbio da coagulação, protegendo assim o organismo dos camundongos das ações de coagulação do envenenamento. No entanto, não sabemos qual foi o alvo da rutina ou de que forma ela agiu no organismo dos animais para controlar o fator tissular”, disse Santoro.

De acordo com o pesquisador, futuros estudos serão necessários para compreender a atividade da rutina, uma vez que o veneno tenha iniciado eventos fisiopatológicos, bem como os efeitos terapêuticos da rutina administrada junto com o antiveneno.

A pesquisa sugere que a rutina tem grande potencial como uma droga auxiliar em conjunto com a terapia antiveneno para tratar picada de cobra, particularmente em países onde a disponibilidade de antiveneno é escassa”, disse Santoro.




Veja também;






Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

CRQ promove seminário para comemorar o "Dia Mundial da Qualidade" no dia 06/12/2018



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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Estudo demonstra que construtores de sambaquis tinham dieta sofisticada


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01479

Sambaquis são formados pelo descarte de conchas e de restos de animais marinhos, acumulados ao longo de centenas ou de milhares de anos. Tais formações foram construídas entre 8 mil e 1 mil anos atrás por povos que viveram no litoral da Mata Atlântica. A região tradicionalmente é vista como periférica aos primeiros centros de produção de alimentos na América do Sul, quais sejam os Andes e a Amazônia.

Mas um novo estudo apresenta fortes evidências de que as sociedades que estariam por trás da construção dos sambaquis não eram caçadores-coletores comuns. O trabalho indica manejo ou cultivo de vegetais e uma dieta rica, com elevado consumo de carboidratos.

Resultados do estudo, feito por pesquisadores do Brasil e do Reino Unido, foram publicados na Royal Society Open Science. O trabalho foi feito a partir de dados coletados nos sambaquis Morro do Ouro e Rio Comprido, em Joinville (SC).

"O alto consumo de alimentos ricos em carboidratos nesses dois sambaquis sugere que o sustento de suas populações estava baseado em uma economia mista. Uma economia que aliava a pesca e a coleta de frutos do mar com alguma forma de cultivo de plantas", disse o bioarqueólogo Luis Nicanor Pezo-Lanfranco, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), primeiro autor do artigo, cujo estudo teve apoio da FAPESP.

Pezo-Lanfranco desenvolveu o estudo no Laboratório de Antropologia Biológica do IB-USP, liderado pela professora Sabine Eggers em parceria com arqueólogos da University of York no Reino Unido e do Museu do Sambaqui de Joinville (SC).

De acordo com a visão tradicional da Arqueologia pré-histórica na América do Sul, os caçadores-coletores que habitavam os sambaquis proveriam seu sustento primordialmente a partir da exploração de recursos marinhos. Tal ideia começou a ser contestada nos anos 1980, a partir do surgimento de evidências dando conta de que teria existido nos sambaquis uma economia muito mais diversificada. 

A alta frequência e o grande volume de alguns sambaquis na costa sul do que é hoje o Brasil, contendo centenas de enterramentos humanos, são consideradas evidências da alta densidade populacional, de arquitetura monumental e da complexidade social dos sambaquis durante o Holoceno Médio e Tardio.

Um dos principais indícios a sugerir a ocorrência de uma dieta mais variada nos sambaquis foi a constatação da existência de cáries nos dentes dos esqueletos enterrados, interpretada como decorrência direta do elevado consumo de carboidratos.

Outra pista importante foi a identificação – graças a escavações arqueológicas – de restos de possíveis culturas incipientes, como tubérculos (inhame e batata-doce), milho, palmeiras e anonáceas (a família da fruta-do-conde e da graviola).

O novo estudo tem base em evidências de patologia oral e em resultados isotópicos extraídos diretamente dos esqueletos. As análises revelaram o consumo inesperadamente alto de recursos vegetais, ou seja, de carboidratos, entre as populações que habitaram o sambaqui Morro do Ouro do litoral norte de Santa Catarina durante o Holoceno Médio (de 8 mil a 4 mil anos atrás).

O litoral norte do estado de Santa Catarina tem a maior concentração de sambaquis da costa brasileira. Centenas de locais estão distribuídos em torno da baía de Babitonga.

Realizamos análises de saúde bucal e isótopos estáveis em esqueletos humanos de enterramentos nos sambaquis do Morro do Ouro e Rio Comprido, para desvendar seu comportamento dietético durante o Holoceno Médio e Tardio”, disse Pezo-Lanfranco.

Morro do Ouro tem sido um local importante na discussão da densidade populacional, saúde e doença, e variabilidade cultural e dietética na costa da Mata Atlântica durante o Holoceno Médio. 

Escavações arqueológicas feitas no local nos anos 1980 obtiveram grandes quantidades de vestígios de fauna terrestre e marinha, artefatos, estruturas domésticas e enterramentos humanos.

Os vestígios da fauna incluem diversas espécies de moluscos, peixes e mamíferos terrestres, como paca (Cuniculus paca) e porco-do-mato (Pecari tajacu). Também foram achadas ferramentas de pedra polida e restos carbonizados de frutos de palmeiras. Segundo Pezo-Lanfranco, no total foram encontrados 116 enterramentos humanos em várias expedições arqueológicas entre 1960 e 1984.

A partir da datação do colágeno de ossos realizada por este estudo, sabe-se que o local foi ocupado entre 4,8 mil e 4,1 mil anos atrás, no Holoceno Médio. Análises de minúsculos restos de cálculo dentário realizadas por Verônica Wesolowski, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, em 2010 já tinham identificado amostras com batata-doce, inhame e frutos de palmeiras neste sítio.

No sambaqui Rio Comprido, distante 4 quilômetros, foram encontrados, na década de 1970, facas e machados de pedra polida, bem como 67 enterramentos humanos. O local foi ocupado durante duas fases. A fase denominada Rio Comprido 1 (RC1) se deu entre 5,6 mil e 4,3 mil anos atrás, no Holoceno Médio. A fase Rio Comprido 2 (RC2), entre 4 mil e 3,4 mil anos atrás, já no Holoceno Tardio.

Análises morfológicas feitas no estudo incluíram determinações de sexo e idade, bem como análises de patologia oral, de 70 indivíduos – 42 eram de Morro do Ouro (MO) e 28 de Rio Comprido (sendo 16 RC1 e 12 RC2). A análise de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio foi realizada em 36 indivíduos: 20 (MO) e 16 RC (sendo 9 RC1 e 7 RCI2).

Utilizando 11 marcadores de saúde bucal, foram examinados 1.826 alvéolos e 1.345 dentes daqueles 70 indivíduos. Verificou-se que a maioria dos esqueletos analisada era do sexo masculino e tinha, em média, entre 20 e 49 anos no momento da morte.

A frequência de cáries abrangeu entre 7,6% e 13,2% da amostra. É um resultado maior daquele que seria esperado entre grupos de caçadores-coletores ou pescadores e mais condizente com o padrão encontrado entre os primeiros fazendeiros do Holoceno Tardio de outras regiões como os Andes”, disse Pezo-Lanfranco.

Resultados obtidos com dentes de caçadores-coletores do Holoceno Tardio na Patagônia, por exemplo, têm frequências de cáries entre 3,3% e 5,19%. Já amostras de populações sedentárias mais recentes da Patagônia registram frequência de 10,17%.

O tipo de cárie variou consideravelmente entre os dois sambaquis, mas diferenças estatísticas foram observadas apenas para lesões cervicais (extraoclusais).

A frequência de cárie oclusal foi alta nos dois grupos, variando de 53,7% (MO) a 70% (RC1) dos indivíduos analisados. A maior frequência de cárie de esmalte foi registrada em RC1. Por outro lado, MO teve a maior frequência de cárie extraoclusal.

Lesões cariosas têm sido associadas a dietas ricas em carboidratos fermentados e açúcar. Dietas com elevada quantidade de alimentos cariogênicos têm uma frequência aumentada de cárie e de cavidades extraoclusais em superfícies lisas dos dentes.

Portanto, é provável que as pessoas do Morro do Ouro tenham levado uma dieta mais cariogênica e refinada, por exemplo, por meio do cozimento dos alimentos, quando comparada à do Rio Comprido 2”, disse Pezo-Lanfranco.


Carboidratos processados

Estimativas alimentares baseadas na análise isotópica de carbono e nitrogênio obtidos do colágeno de dentes e ossos revelaram a composição da dieta. A principal fonte de proteína foi o peixe, variando de um mínimo de 33% nos indivíduos de Morro do Ouro e de cerca de 87% a 90% em Rio Comprido 2.

Essas estimativas sugerem que o consumo de vegetais forneceu a maior parte das calorias em Morro do Ouro (em média 48%), seguido por peixe (44%) e, em menor grau, por mamíferos terrestres (média de 8%), provenientes da caça.

Os resultados obtidos com o colágeno dos indivíduos de Rio Comprido 1 indicam a pesca como principal fonte de calorias na dieta (em média 48%), seguida de vegetais (44%) e mamíferos terrestres (7%).

Pezo-Lanfranco observa que esses são percentuais bastante similares ao verificado para Rio Comprido 2: peixe (48%), vegetais (42%) e caça (10%). Lembrando que todos os percentuais citados são valores médios, podendo haver grande variação individual.

A principal fonte de proteínas entre os indivíduos de Morro do Ouro foi peixe (58% a 84%). Essa também foi a principal fonte de proteínas em Rio Comprido 1 (66% a 85%) e RC2 (74% a 83%). São estimativas ligeiramente superiores aos valores observados para grupos caçadores-coletores pré-históricos e contemporâneos.

"A alta proporção de cáries crônicas ou estáticas entre os indivíduos de Rio Comprido 1 sugere uma dieta menos cariogênica em relação ao Rio Comprido 2 e Morro do Ouro. Está possivelmente associada ao conteúdo de fosfato e cálcio presentes em dietas de origem marinha. É o que se espera de um grupo de pescadores", disse Pezo-Lanfranco.

"Por outro lado, a maior frequência de cáries profundas e extraoclusais em Rio Comprido 2, e notadamente em Morro do Ouro, aponta para o consumo disseminado de carboidratos cariogênicos e processados, ou seja, plantas assadas ou cozidas. Em Rio Comprido e Morro do Ouro as evidências sugerem a existência de algum tipo cultivo de plantas, mesmo que incipiente”, disse.

O estudo aponta que a cárie cervical é o tipo mais comum de cárie extraoclusal em Morro do Ouro (29%) e tem sido associada ao consumo frequente de sacarose e amidos fermentáveis sólidos, altas concentrações de lactobacilos salivares e deposição de cálculo cervical com retração gengival.

"Frequências de cárie cervical em torno de 16% foram relatadas em caçadores-coletores do Pleistoceno do norte da África e interpretadas como os primeiros sinais de coleta e armazenamento sistemáticos de alimentos vegetais ricos em carboidratos", disse Pezo-Lanfranco.

Nos agricultores andinos, a cárie cervical foi atribuída ao consumo de bebidas fermentáveis preparadas com mandioca, milho e outros alimentos ricos em amido. Estudos anteriores mostraram que sacarose, amido com sacarose, frutos e dextrose de amido, em ordem decrescente, estimulam a produção de cárie de superfície lisa e cárie cervical, enquanto altas quantidades de maltose e amido levam preferencialmente à cárie cervical.

"As dietas em Morro do Ouro eram provavelmente mais ricas em carboidratos cariogênicos do que aquelas em Rio Comprido e comparáveis com dietas de alguns povos agricultores da antiguidade”, disse Pezo-Lanfranco.

Os índices de desgaste dentário em Rio Comprido e Morro do Ouro foram os mais baixos entre os vários grupos de sambaqui estudados em outros locais. A dieta em Rio Comprido 2 parece ter sido mais abrasiva do que em Morro do Ouro. Em Morro do Ouro foram registrados vasos de pedra e pedras de moagem que podem ter sido utilizados na fabricação de farinha. Uma análise microscópica do fundo destas vasilhas ainda está pendente.

Esta pesquisa coloca os neotrópicos no mapa dos centros mundiais de produção de alimentos da antiguidade. O litoral da Mata Atlântica tem sido amplamente periférico nessa narrativa, apesar de sua biodiversidade única e dos registros arqueológicos da densa ocupação humana desde o Holoceno Médio. O novo estudo desafia tal visão tradicional. Reunimos evidências bastante convincentes da ocorrência de dietas ricas em carboidratos entre os caçadores-coletores da região de Joinville há 4.500 anos. A confirmação de que se trata de sistemas de produção de cultivares e o estado de domesticação dessas espécies aguardam estudos futuros”, disse Pezo-Lanfranco.


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terça-feira, 13 de novembro de 2018

Cientistas da Unesp sintetizam molécula capaz de eliminar o vírus da hepatite C


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01478

Um novo composto que inibe a replicação do vírus da hepatite C (HCV) em diversos estágios de seu ciclo – e é capaz de agir também em bactérias, fungos e células cancerosas – foi sintetizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O estudo – apoiado pela FAPESP por meio de vários instrumentos de fomento à pesquisa [veja a relação adiante] – foi descrito em artigo publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

O que fizemos foi combinar moléculas já existentes, por meio de síntese em laboratório, para produzir novos compostos com potencial biológico. Esse método é chamado de bioconjugação. Por meio da bioconjugação, sintetizamos seis compostos e os testamos nos genótipos 2a e 3a do HCV. E conseguimos chegar a um composto com grande potencial terapêutico”, disse o químico Paulo Ricardo da Silva Sanches, um dos dois autores principais do estudo, à Agência FAPESP.

O vírus da hepatite C apresenta significativa variabilidade genômica, exibindo pelo menos seis genótipos principais, cada qual com subtipos. Os genótipos 2a e 3a são os subtipos mais comuns do HCV circulante. O composto capaz de destruí-los – o AG-hecate – foi sintetizado a partir do ácido gálico e do peptídeo hecate.

Descobrimos que esse composto atua em quase todas as etapas do ciclo replicativo do HCV – o que não é uma característica comum nos antivirais. Esses geralmente têm alvos pontuais e isolados, como proteínas do capsídeo, receptores de membranas ou proteínas específicas como a NS3, inibindo processos específicos como a entrada do vírus nas células, a síntese do material genético e de proteínas, a montagem e liberação de novas partículas virais. O AG-hecate, ao contrário, apresentou ampla atividade, agindo em diversas etapas do ciclo”, explicou Sanches.

O composto também apresentou atividade nos chamados ‘lipid droplets’ – gotas de lipídeo no interior das quais o vírus circula nas células e que o protegem do ataque de enzimas. O AG-hecate desestrutura essas gotas de lipídeo e deixa o complexo replicativo do vírus exposto à ação das enzimas celulares”, prosseguiu.

Os pesquisadores testaram o AG-hecate tanto no vírus completo quanto nos chamados “replicons subgenômicos”, que possuem todos os elementos para a replicação do material genético do vírus nas células, mas são incapazes de sintetizar proteínas responsáveis pela infecção. E o composto foi eficiente em todos os testes.

Outra virtude apresentada pelo composto foi seu alto índice de seletividade. Isso significa que ele ataca muito mais o vírus do que a célula hospedeira. E, assim, tem potencial para ser utilizado como fármaco no tratamento da doença.

Apesar de o composto apresentar pequena atividade nos eritrócitos, os ‘glóbulos vermelhos’ do sangue, a molécula precisa passar por alterações em sua estrutura para reduzir ainda mais a sua toxicidade. É nisso que estamos trabalhando agora, para que a pesquisa possa evoluir da fase in vitro para a fase in vivo”, disse o pesquisador da Unesp.

Como informou o professor Eduardo Maffud Cilli, orientador do doutorado de Sanches no Instituto de Química da Unesp em Araraquara (SP), “o tempo médio para o planejamento e desenvolvimento de peptídeos terapêuticos é de 10 anos. Acabou de sair um estudo com esses dados. Até agora, foram despendidos aproximadamente dois anos no desenvolvimento da molécula de AG-hecate, considerando a média estatística, serão necessários mais oito anos antes que a droga chegue ao mercado”.

Cilli participou do estudo e também assina o artigo publicado em Scientific Reports. “A ótima notícia é que essa molécula não age apenas no HCV. Pode agir também em bactérias, fungos e células cancerosas. Além disso, como os vírus do zika e da febre amarela apresentam ciclos replicativos bastante parecidos com o do HCV, vamos testar a efetividade do AG-hecate também em relação a esses vírus”, disse.

No caso do câncer, a molécula interage e destrói a membrana da célula afetada. Aqui, a seletividade da ação do AG-hecate deve-se ao fato de que a célula modificada pelo câncer tem uma quantidade maior de cargas negativas na superfície do que a célula normal. E o peptídeo tem carga positiva. Então, a ação se dá por atração eletrostática. No caso do vírus, o mecanismo de ação da molécula é mais complexo, como mostra a ilustração.

Os estudos foram realizados no Laboratório de Síntese e Estudos de Biomoléculas do Instituto de Química da Unesp em Araraquara, coordenado pelo professor Eduardo Maffud Cilli, e no Laboratório de Estudos Genômicos do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp em São José do Rio Preto, coordenado pela professora Paula Rahal, orientadora do doutorado de Mariana Nogueira Batista, pesquisadora que divide autoria deste trabalho com Sanches.


Apoio da FAPESP

Além de Sanches e Cilli, participaram do estudo Mariana Nogueira Batista, Bruno Moreira Carneiro, Ana Cláudia Silva Braga, Guilherme Rodrigues Fernandes Campos e Paula Rahal.

A pesquisa foi apoiada pela FAPESP no âmbito do Centro de Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.


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