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terça-feira, 30 de março de 2021

Sebrae e Ministério do Meio Ambiente firmaram parceria para acelerar negócios de conservação


Imagem ilustrativa. Divulgação: Ministério do Meio Ambiente

Tópico 01578

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Sebrae, Carlos Melles, assinaram neste mês de março, Acordo de Cooperação Técnica para acelerar negócios voltados a serviços ambientais. O acordo foi celebrado no âmbito do Floresta+ Empreendedor, novo eixo do Programa Floresta+.

Por meio da parceria, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) dá mais uma contribuição relevante para disseminar o conceito de pagamento por serviços ambientais pelo Brasil, com conhecimento técnico, relatórios e estudos robustos sobre o tema.

O Sebrae conta com mais de 1.700 pontos de presença próprios e em parceiros em todo o território nacional. Com essa estrutura, o mercado de serviços ambientais ganha abrangência em todos os biomas, com atuação local e atenção às particularidades de cada microrregião do Brasil.

O Sebrae oferece ainda a formação de líderes empreendedores, aceleração de pequenas empresas por meio de capacitação e mentoria, bem como acesso ao mercado de pagamento por serviços ambientais, permitindo a criação de novas empresas de serviços ambientais no Brasil assim como também o fortalecimento das pequenas empresas que atuam neste mercado.

A proposta é apoiar empreendedores interessados em prestar serviços ambientais, como vigilância e monitoramento ambiental, combate a incêndios florestais e mais.


Floresta+

Desde sua criação, o programa Floresta+ vem contribuindo para a criação de um mercado de serviços ambientais no Brasil, em que um pagador remunera um prestador de serviços ambientais, tais como vigilância ambiental ou prevenção de incêndios florestais. Entre as iniciativas, o Floresta+ colaborou para a inclusão da atividade de conservação no CNAE/IBGE e a aprovação da Lei de Pagamento por Serviços Ambientais.



                                                   
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quinta-feira, 25 de março de 2021

Novo método de descontaminação de água alia compósitos de baixo custo e energia solar


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01577

Doenças associadas à água contaminada são uma das maiores causas de morbidade e mortalidade em escala global. E o acesso à água potável vem diminuindo, devido ao progressivo descarte de poluentes domésticos, agrícolas, industriais e hospitalares no meio ambiente.

Microrganismos nocivos, nitratos, fosfatos, fluoretos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados – como cádmio, mercúrio e chumbo – estão entre os principais contaminantes.

Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 2 bilhões de pessoas bebem água contaminada por fezes. Pior ainda é a contaminação da água por cepas de bactérias resistentes a múltiplas drogas e metais, selecionadas pelo descarte indiscriminado de antibióticos no meio ambiente.

Neste contexto, a pesquisa por formas seguras e baratas de descontaminação da água tornou-se uma necessidade urgente, principalmente nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Um estudo conduzido no Laboratório de Espectroscopia de Materiais Funcionais (Lemaf), do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), em parceria com o African Centre of Excellence for Water and Environmental Research (Acewater), da Nigéria, obteve resultados promissores nesse sentido.

O trabalho foi coordenado por Andréa de Camargo e Hellmut Eckert, professores do IFSC-USP, bem como por Emmanuel Unuabonah, diretor do Acewater e professor da Redeemer's University, da Nigéria. O grupo contou com apoio da FAPESP por meio de Auxílio a Pesquisador Visitante, que possibilitou uma visita científica de três meses do professor Unuabonah ao IFSC-USP. Auxílios obtidos de outras instituições permitiram que dois alunos do professor Unuabonah também viessem estagiar na USP, em São Carlos.

A fotocatálise é a forma mais eficiente de descontaminação da água. Nós desenvolvemos um método que utiliza nanocompósitos fotocatalíticos baseados em precursores de baixo custo, abundantes nos países da África subsaariana e também no Brasil, e radiação solar, o que proporciona uma solução sustentável para regiões nas quais o abastecimento de energia elétrica estável constitui um problema a mais. Ao interagir com a radiação solar, o material libera espécies reativas de oxigênio, como o oxigênio singleto, que destrói microrganismos e degrada resíduos de antibióticos e efluentes agrícolas”, diz De Camargo à Agência FAPESP.

Para produzir os nanocompósitos, os pesquisadores utilizaram como precursores argila (caulinita), semente de mamão papaia ou casca de banana (como fontes de carbono) e sais de metais (cloreto de cobre ou cloreto de zinco). A proporção em peso foi de um para um para dois (1:1:2) para os híbridos dopados com cobre ou zinco individualmente. E de um para um para um para dois (1:1:1:2) para os híbridos dopados com cobre e zinco simultaneamente.

Nanocompósitos formados por caulinita, sementes de papaia, cobre e zinco mostraram-se eficientes para a purificação de água contaminada por Escherichia coli resistente a múltiplas drogas e metais”, afirma De Camargo.

A produção dos nanocompósitos combinou várias técnicas laboratoriais: solução, agitação contínua, secagem, calcinação, esterilização, lavagem e segunda secagem. “O material resultante foi empacotado em colunas de vidro previamente esterilizadas. A água contaminada entra por uma extremidade da coluna, atravessa o material em presença da luz solar e sai descontaminada na outra extremidade”, resume a pesquisadora.

O estudo identificou três mecanismos de desinfecção, dependendo do compósito estudado: a interação eletrostática, identificada para o compósito dopado com zinco, em que cargas superficiais positivas interagem fortemente com grupos carboxílicos das paredes celulares das bactérias, levando-as a aderir às superfícies do compósito; a toxicidade metálica, identificada, em menor ou maior escala, para os três compósitos testados; e a fotocatálise, com a geração de oxigênio singleto a partir do oxigênio molecular em presença da luz solar e a oxidação de lipídeos e proteínas em torno das membranas celulares das bactérias, levando à sua destruição.

Apesar de os três mecanismos terem sido identificados, ainda não está claro se ocorrem simultânea ou sequencialmente. Em todo caso, a prova do conceito está dada: materiais híbridos nanocompósitos baseados em precursores de baixo custo foram eficientemente utilizados para a desinfecção de água contaminada com bactérias multirresistentes”, sublinha De Camargo.

A pesquisadora chama a atenção para o fato de que os resíduos de cobre e zinco presentes na água tratada não são prejudiciais para o consumo humano. “Considerando o consumo diário médio por adultos saudáveis, que é de três litros e meio, os resíduos de cobre e zinco presentes na água tratada, respectivamente de 0,8 miligrama e de 0,51 miligrama por litro, estão abaixo do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde [OMS]”, diz.

Além da composição mencionada, o grupo analisou também outras composições possíveis. “Nanocompósitos de caulinita, casca de banana, tungstato de sódio e dióxido de titânio foram efetivos para a fotodegradação dos antibióticos ampicilina e sulfametoxazol e da droga antimalárica artemeter. Compósitos heteroestruturados, do tipo ZnO/grafeno ou F2O3/grafeno, suportados em argila com camadas de carbono proveniente de sementes de papaia, promoveram a remoção de esteroides estrogênicos”, informa De Camargo.



                                                   
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quarta-feira, 17 de março de 2021

Pesquisadores do Cemaden, do Inpe e da Unesp identificam causas da seca extrema que afetou o Pantanal


Imagem meramente ilustrativa

Tópico 01576

Um fenômeno meteorológico natural similar ao que causou a crise hídrica no Estado de São Paulo, entre 2014 e 2016, foi responsável pela seca extrema no Pantanal registrada entre 2019 e 2020 e considerada a pior dos últimos 50 anos.

A constatação foi feita por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres (Cemaden), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) por meio de um projeto apoiado pela FAPESP no âmbito do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Os resultados do estudo foram publicados na revista Frontiers in Water.

A seca recente no Pantanal foi causada por um fenômeno que chamamos de bloqueio meteorológico, caracterizado pelo surgimento de uma área de alta pressão que impediu a formação de chuva em toda a região do Centro-Oeste da América do Sul. Consequentemente, a temperatura ficou muito alta, e a umidade relativa, muito baixa”, disse à Agência FAPESP José Marengo, pesquisador do Cemaden e coordenador do estudo.

A combinação de falta de chuva com temperaturas altas e umidade relativa muito baixa levou ao aumento de risco de fogo, que se estendeu não somente sobre áreas agrícolas como também naturais do bioma”, explicou Marengo.

O uso do fogo para limpar terreno para pecuária contribui para aumentar os focos de incêndio na região, que ficam mais difíceis de serem combatidos em razão da falta de chuvas, avalia o pesquisador. “O fogo causado de um lado pelo ar mais quente e a falta de chuvas no Pantanal e de outro pelo queima de áreas para pecuária na região resultou no desastre ambiental que vimos no bioma”, afirmou Marengo.


Fontes de dados observacionais

A fim de investigar as causas hidroclimáticas da seca no Pantanal, os pesquisadores usaram uma ampla gama de fontes de dados observacionais de hidrologia (referentes ao nível do rio Paraguai) e também sobre chuva, clima e índices de teleconexões atmosféricas (uma estimativa de como fenômenos climáticos extremos estão conectados) para identificar mudanças na circulação de ventos.

Além disso usaram informações sobre o uso da terra e empregaram índices derivados de fontes de sensoriamento para caracterizar o estresse hídrico e a seca no bioma.

Com base nesse conjunto de dados, foi possível descrever a variabilidade interanual da precipitação, do fluxo do rio Paraguai e variáveis relacionadas com a seca. As análises dos dados indicaram que uma complexa combinação de teleconexões hidroclimáticas esteve por trás da seca recente na região.

A falta de chuvas durante os verões de 2019 e 2020 no Pantanal está relacionada com a redução do transporte de ar quente e úmido do verão da Amazônia para a região”, afirmou Marengo.

Parte da chuva do Pantanal, que é uma das maiores zonas úmidas do mundo, vem do transporte de ventos que partem do Atlântico Norte, entram na Amazônia, cruzam o bioma e seguem para o Centro-Oeste do Brasil, onde está situado o Pantanal.

A formação da área de alta pressão impediu que essa umidade vinda da Amazônia chegasse ao Pantanal e bloqueou a passagem de frentes frias do Sul para a região. Dessa forma, predominaram massas de ar mais quentes e mais secas que contribuíram para a escassez de chuvas de verão no Pantanal no pico da estação das monções – de ventos sazonais associados à alternância entre a estação de chuvas e a seca que ocorrem em grandes áreas de regiões costeiras tropicais e subtropicais.

Esse quadro levou a condições extremas de seca prolongada em todo o Pantanal, impactando severamente a hidrologia do bioma. “Esse fenômeno é natural e aconteceu de modo similar durante a seca em São Paulo, entre 2014 e 2016”. explicou Marengo.

Impactos amplificados

De acordo com Marengo, ainda não é possível prever se o Pantanal enfrentará outras secas severas nos próximos anos. Para que a situação não se repita, é preciso que as chuvas no bioma comecem e sejam abundantes no momento certo.

Não adianta chover agora, em março, no fim da estação chuvosa, e depois entre dezembro deste ano e fevereiro de 2022, por exemplo. Dessa forma, a estação chuvosa fica comprometida e aumenta o risco de elevação de focos de incêndio no Pantanal”, explicou.

A seca no Pantanal também não pode ser relacionada às mudanças climáticas globais porque é um evento meteorológico de causa natural, enquanto as alterações no clima são um processo de longo prazo.

Algumas das diferenças da seca recente no bioma em comparação com as que ocorreram nas décadas de 1950 e 1960, porém, é que, naquela época, o planeta não estava tão quente como agora, pondera Marengo.

O que está acontecendo agora é que essas secas de causa natural estão sofrendo os efeitos da instabilidade climática e os impactos são piores porque, naquela época, a região não tinha muita ocupação humana como tem hoje. Consequentemente, a população no Pantanal hoje é mais vulnerável aos impactos causados pelas secas”, comparou Marengo.


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