Tópico 01551
Um remédio promissor contra a Covid-19 começará a ser testado em 500 pacientes nas próximas semanas, anunciou nesta quarta-feira (15) o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Em análises in vitro, o medicamento reduziu em 94% a carga viral em células infectadas pelo novo coronavírus. A estimativa é de que os resultados dos estudos clínicos em pacientes sejam concluídos até a metade do mês de maio.
Para garantir a continuidade dos testes clínicos, e por questões de segurança, o nome do medicamento selecionado será mantido em sigilo até que os resultados dos testes clínicos demonstrem a sua eficácia em pacientes. O que se pode adiantar é que o fármaco tem baixo custo, ampla distribuição em território nacional, não provoca efeitos colaterais graves e pode ser usado por pessoas de diversos perfis inclusive, em formulações pediátricas.
“A ciência é a única arma que a gente tem para combater o vírus. A solução real dessa pandemia está na ciência”, destacou o ministro Marcos Pontes durante coletiva à imprensa. A seleção desse medicamento faz parte de uma estratégia chamada de reposicionamento de fármacos, adotada por uma força-tarefa formada por 40 cientistas do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Foram testados 2 mil medicamentos com o objetivo de identificar fármacos compostos por moléculas capazes de inibir proteínas fundamentais para a replicação viral. Com uso de alta tecnologia como biologia molecular e estrutural, computação científica, quimioinformática e inteligência artificial, os pesquisadores identificaram seis moléculas promissoras que seguiram para teste in vitro com células infectadas com o SARS-CoV-2. Desses seis remédios pesquisados, os cientistas do CNPEM/MCTIC descobriram que dois reduziram significativamente a replicação viral em células. O remédio mais promissor apresentou 94% de eficácia em ensaios com as células infectadas.
Na terça-feira, 14 de abril, o ensaio clínico financiado pelo MCTIC obteve a autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) para realizar a última etapa dos testes: OS ENSAIOS CLÍNICOS EM PACIENTES INFECTADOS COM O NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2).
Já nas próximas semanas começam os testes com um grupo de 500 pacientes, que serão realizados por sete hospitais das Forças Armadas, localizados no Rio de Janeiro (5), São Paulo (1) e Brasília (1).
Já nas próximas semanas começam os testes com um grupo de 500 pacientes, que serão realizados por sete hospitais das Forças Armadas, localizados no Rio de Janeiro (5), São Paulo (1) e Brasília (1).
A ideia é avaliar se o composto selecionado é eficaz e seguro para que seja recomendado como tratamento. Seguindo o protocolo clínico serão testados pacientes, com idade acima de 18 anos, com pneumonia inicial e sintomas típicos da doença. Parte do grupo receberá placebo e outra parte receberá o medicamento para avaliar sua eficácia. O tempo de avaliação de cada paciente será de 14 dias.
O secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do ministério, Marcelo Morales, reforçou que o Brasil possui uma alta capacidade de produção do medicamento a ser testado. Além disso, adiantou que o governo já alertou laboratórios e empresas sobre a necessidade de aumentar a produção do remédio, caso os testes clínicos sejam positivos. “A gente depende de insumos do exterior, mas são acessíveis”.
Ciência
“Esse é um momento especial. Caso os testes clínicos demonstrem a eficácia desse medicamento, nós teremos uma solução, desenvolvida no Brasil, para o tratamento da Covid-19”, destacou Marcos Pontes. O ministro reforçou a importância da ciência brasileira e do esforço que vem sendo feito na busca de soluções para o enfrentamento da pandemia.
O ministro revelou que o MCTIC conta com 134 ações em execuções, com 51 delas já concluídas, e atua em três frentes principais no combate à Covid-19: a busca por um medicamento; novos métodos de diagnósticos mais acessíveis e rápidos; e o desenvolvimento de vacinas. “Se tudo isso funcionar, num futuro próximo vamos poder testar e tratar mais pessoas antes de elas procurarem o hospital. Com isso, vamos desafogar o sistema de saúde”.
Os dados gerados pelo CNPEM/MCTIC, fundamentais para subsidiar os testes clínicos do medicamento, foram compartilhados com a RedeVírus MCTIC, responsável por articular a continuidade do estudo com pessoas infectadas pelo coronavírus. A rede também compartilhará este conhecimento com outros países que compõem a cooperação internacional, incluindo a Unesco que lidera uma frente global com ministros de C&T e I e com os países do BRICS. "Temos boas perspectivas que os resultados dessa pesquisa possam ser positivos e assim poderemos ajudar não só o Brasil, como outros países no combate à Covid-19", revelou Marcos Pontes.
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