Tópico 1062
Com força e determinação, cerca de 60 índios Munduruku se uniram na quarta-feira, dia 26 de novembro a ativistas do Greenpeace para protestar contra a construção do Complexo Hidrelétrico do Tapajós, no Pará. A enorme mensagem foi marcada com pedras na areia de uma praia próxima à cachoeira de São Luiz do Tapajós, local previsto para receber primeira das cinco hidrelétricas planejadas para a região.
Com potência de 8.040 MW, a usina São Luiz do Tapajós chegou a ter seu leilão anunciado para o dia 15 de dezembro, apenas 150 dias após o governo ter requerido ao Ibama a licença ambiental prévia do empreendimento. Quatro dias depois, o Ministério de Minas e Energia teve que voltar atrás e suspender o leilão após pressão do povo Munduruku, que não foi devidamente consultado sobre a obra. Ao todo, o empreendimento prevê cinco hidrelétricas na região, cuja soma da área dos reservatórios ultrapassa o tamanho da cidade de São Paulo. Mas, em vez de carros e concreto, a área a ser alagada é rica em biodiversidade e abriga uma das principais porções de floresta intacta do país, afetando unidades de conservação e terras indígenas. "Às vésperas de mais uma conferência mundial sobre o clima – que pela primeira vez será realizada em um país pan-amazônico, o Brasil insiste em seu plano de barrar todos os grandes rios da Amazônia, ignorando os alertas do clima e negando o direito de consulta prévia, livre e informada aos povos tradicionais da região, que terão seu modo de vida afetado de forma irreversível por essas obras", disse Danicley de Aguiar, da campanha Amazônia, do Greenpeace.
“Nós, guerreiros e guerreiras, carregamos as pedras com firmeza para mostrar que não vamos abrir mão do rio. Estamos aqui na praia mostrando pro mundo que queremos sempre o Tapajós livre e vivo, como hoje”, diz Maria Leusa Munduruku.
“A gente não quer o rio Tapajós morto, não queremos a floresta morta, nem essas praias mortas, queremos o rio Tapajós vivo”, concluiu ela. O Brasil dispõe de um enorme potencial em outras fontes renováveis, como eólica, solar, biomassa e mesmo energia oceânica. A eólica poderia atender ao triplo da demanda atual por eletricidade e já apresenta o segundo custo mais baixo de geração entre todas as fontes, com preços relativamente próximos às hidrelétricas. A energia solar é a que mais cresce no mundo e os preços vêm caindo consistentemente.
O potencial de geração solar do Brasil poderia abastecer até 10 vezes a necessidade energética nacional. Este ano, o primeiro leilão exclusivamente dessa fonte foirealizado com sucesso, engatando o país na direção certa: a da diversificação da matriz energética, com fontes complementares.
“Se pensarmos no cenário de mudanças climáticas, essa aposta cega em uma fonte principal para a geração de energia aumenta enormemente a insegurança energética do país. Com o potencial que tem, o Brasil pode liderar uma verdadeira revolução energética, com a adoção de um circuito de energias limpas que complementam a geração nos meses de estiagem e reforçam a segurança energética do país", explica.
VÍDEO DE REFERÊNCIA
CRÉDITOS DO VÍDEO AO GREENPEACE BRASIL.
Fonte: Greenpeace Brasil.
Matéria indicada pela Pró-Reitora da Unisantos, Profª Me. Roseane Marques da Graça Lopes.
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